
O que é senso comum e como ele influencia nossa visão de mundo?
O senso comum não é tão "comum" quanto parece. Ele é uma ferramenta poderosa usada pelas elites para manter o controle social, naturalizando desigualdades e ocultando contradições do sistema. Neste artigo, exploramos: ✅ O que é senso comum e como ele molda nossa visão de mundo. ✅ A crítica marxista (Gramsci, Althusser, Marx) sobre como a ideologia dominante é imposta. ✅ Exemplos de manipulação pela mídia, educação e cultura. ✅ Como questionar o senso comum e desenvolver um pensamento crítico. Se você já se perguntou por que certas ideias são tratadas como "verdades absolutas", este texto vai te fazer enxergar a sociedade com outros olhos. Leia agora e liberte-se das armadilhas do senso comum!
CIENCIA-E-SOCIEDADEREFLEXÕES CRÍTICAS



O que é senso comum e como ele influencia nossa visão de mundo?
O senso comum é um conjunto de crenças, valores e ideias que são amplamente aceitos em uma sociedade, muitas vezes sem questionamento. Ele é formado a partir de experiências cotidianas, tradições, cultura e educação, e serve como uma lente através da qual interpretamos o mundo ao nosso redor. No entanto, o senso comum não é neutro: ele é influenciado por estruturas de poder, ideologias e interesses dominantes, que moldam nossa percepção da realidade.
Como o Senso Comum Influencia Nossa Visão de Mundo?
O senso comum opera como uma forma de "consenso social", que naturaliza certas ideias e práticas, fazendo com que pareçam óbvias ou inevitáveis. Por exemplo, a ideia de que "o mercado se autorregula" ou que "o sucesso depende apenas do esforço individual" são noções que, embora amplamente difundidas, refletem visões específicas do mundo, muitas vezes alinhadas com interesses econômicos e políticos dominantes. Essas ideias, quando internalizadas, podem limitar nossa capacidade de questionar as estruturas sociais e econômicas que perpetuam desigualdades.
Manipulação e o Papel dos Marxistas na Crítica ao Senso Comum
Autores marxistas, como Antônio Gramsci e Louis Althusser, oferecem ferramentas importantes para entender como o senso comum é utilizado como mecanismo de manipulação e controle social.
Antônio Gramsci e a Hegemonia Cultural: Gramsci argumenta que a classe dominante mantém seu poder não apenas através da força, mas também através da hegemonia cultural. Isso significa que as ideias, valores e normas da classe dominante são apresentados como universais e benéficos para todos, tornando-se parte do senso comum. Dessa forma, a dominação é perpetuada não pela coerção, mas pelo consentimento das massas, que internalizam essas ideias como verdades inquestionáveis.
Louis Althusser e os Aparelhos Ideológicos de Estado: Althusser expande essa ideia ao discutir como instituições como a escola, a mídia e a religião funcionam como "aparelhos ideológicos de Estado". Essas instituições reproduzem o senso comum dominante, ensinando-nos a aceitar e reproduzir as estruturas de poder existentes. Por exemplo, a educação formal muitas vezes ensina a valorizar a competição individual em detrimento da solidariedade coletiva, reforçando os valores do capitalismo.
Como Fomos e Somos Manipulados?
A manipulação através do senso comum ocorre de forma sutil e cotidiana. A mídia, por exemplo, frequentemente reforça estereótipos e narrativas que beneficiam os interesses das elites, como a ideia de que cortes de gastos sociais são "necessários" para a economia, enquanto ignora alternativas que poderiam beneficiar a maioria. Da mesma forma, a publicidade nos convence de que a felicidade está no consumo, desviando nossa atenção das reais causas de insatisfação, como a exploração no trabalho ou a falta de acesso a direitos básicos.
A Importância de Questionar o Senso Comum
Questionar o senso comum é um ato político. Ao desnaturalizar as ideias que parecem óbvias, podemos começar a enxergar as estruturas de poder que moldam nossa realidade e buscar transformá-las. Como dizia Gramsci, "o velho mundo está morrendo, e o novo mundo luta para nascer". Para construir um mundo mais justo e igualitário, é essencial desconstruir as ideias que nos foram impostas e imaginar novas possibilidades.
Em resumo, o senso comum não é apenas um reflexo da realidade, mas uma construção social que pode ser usada para manter o status quo. Ao entender como ele funciona e como somos influenciados por ele, podemos tomar consciência das forças que moldam nossa visão de mundo e, assim, agir para transformá-las.
Bibliografia:
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere.
Gramsci desenvolve o conceito de hegemonia cultural, explicando como a classe dominante mantém seu poder através da disseminação de ideias que se tornam senso comum. Sua obra é fundamental para entender como a cultura e a ideologia são usadas para sustentar estruturas de poder.
ALTHUSSER, Louis. Ideologia e Aparelhos Ideológicos de Estado.
Althusser discute como instituições como a escola, a mídia e a religião funcionam como aparelhos ideológicos de Estado, reproduzindo o senso comum e as ideologias dominantes. Ele complementa a visão de Gramsci ao analisar os mecanismos concretos de reprodução ideológica.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã.
Nesta obra, Marx e Engels introduzem a ideia de que as ideias dominantes de uma época são as ideias da classe dominante. Eles mostram como a ideologia é usada para justificar e perpetuar as relações de produção capitalistas.
CHAUÍ, Marilena. O que é Ideologia?
Chauí oferece uma introdução acessível ao conceito de ideologia, discutindo como ela se manifesta no senso comum e como serve para ocultar as contradições sociais.
BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina e outros escritos sobre o poder simbólico.
Embora não seja estritamente marxista, Bourdieu contribui para a discussão ao explorar como o poder simbólico e as estruturas culturais naturalizam desigualdades, incluindo as de classe, gênero e raça.
EAGLETON, Terry. Ideologia: Uma Introdução.
Eagleton oferece uma análise abrangente do conceito de ideologia, incluindo suas raízes marxistas e sua relação com o senso comum e a cultura.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido.
Freire discute como a educação pode ser usada tanto para reproduzir o senso comum dominante quanto para libertar os oprimidos, incentivando o pensamento crítico e a conscientização.